El soneto de Camoens

Alma minha gentil que te partiste
tao cedo desta vida, descontente,
repousa lá no Céu, eternamente,
e viva eu cá na terra sempre triste.
     Se lá no assento etéreo, onde subiste,
memoria desta vida se consente,
nao te esqueças daquele amor ardente
que já nos olhos meus tao puro viste.
     E se vires que pode merecer-te
alguna cousa a dor que me ficou
da magoa, sem remédio, de perder-te,
     roga a Deus, que teus anos encurtou,
que tao cedo de cá me leve a ver-te
quao cedo de meus olhos te levou.

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